Centro de Estudo e Pesquisas Clínicas de São Paulo

Prof. Dr. Zan Mustacchi

Hidroterapia na Síndrome de Down

Dra. Roberta Mustacchi Hsia

Fisioterapeuta do CEPEC-SP

O trabalho de fisioterapia na criança com síndrome de Down é de efetiva importância para o desenvolvimento neuropsicomotor desde grupo de pacientes e a hidroterapia, como coadjuvante desde trabalho, leva a um avanço consideravelmente grande para as aquisições motoras.

A hidroterapia auxilia em muitos pontos importantes para a criança com síndrome de Down, pois a relação que existe da criança com o meio aquoso é muito efetiva.

Tudo começa a partir da satisfação que a criança sente ao estar em movimento, brincando na água e para isso deve ser utilizada uma piscina em que a temperatura esteja entre 32 e 35 graus (estável). Também é importante que a criança confie no terapeuta, livrando-se assim de ansiedades e aflições que a insegurança pelo diferente possa causar.

A terapia dentro d’água proporciona muitos benefícios, como por exemplo, o aumento de tônus a partir do: proprioceptivo, tátil sinestésico, articular, vestibular, equilíbrio, respiratório; e a autoconfiança da criança.

Isto acontece porque os receptores cutâneos, táteis, articulares, muscular e visual, destas crianças são ativados a todo instante. Receptores cutâneos que estão relacionados a propriocepção tátil sinestésica acabam aumentando o tônus da criança mesmo em água quente (em que teoricamente abaixa este tônus). Isto acontece porque a água através de suas particularidades e características como densidade e gravidade, levam a uma facilitação do trabalho terapêutico em meio aquoso, facilitando assim trabalhos como a flutuação que pode proporcionar o treino para um futuro nado livre, trabalho de equilíbrio do controle do corpo como um todo e o fortalecimento global durante toda e qualquer movimentação da criança, podendo também utilizar artifícios como bóias e/ou pesos no trabalho de tonificação muscular.

O vestibular é trabalhado na hidroterapia de várias formas, como por exemplo, relações de balanço que proporcionam automaticamente um trabalho de ajuste postural, como também reações reflexas de equilíbrio, endireitamento e proteção.

É sempre importante observar que a movimentação voluntária da criança na piscina é uma fonte importante para as aquisições musculares, ou seja, tônica, proprioceptivas e cognitivas. Para que qualquer trabalho com a criança seja efetivo é necessário lembrar que o “lúdico” não pode ser esquecido, exemplo: brinquedos, brincadeiras, bóias e acessórios aquáticos adequados para cada idade; pois distraem, divertem e estimulam o trabalho muscular e o deslocamento da criança.

O respiratório também é um ponto enfatizado na hidroterapia, podendo ser trabalhado através de exercícios de bolhas e/ou mergulho assistido, dando assim a integração completa entre o corpo, a respiração, a mente e a sensação de auto-estima elevada e a autoconfiança pela satisfação da submersão realizada junto com uma terapeuta experiente. Existem outras formas de trabalhar o ponto de vista respiratório da criança no meio aquoso, como por exemplo, atividades na forma de brincadeira, como soprar canudo empurrando com o ar uma bolinha; é importante usar a criatividade.

Além de pré-requisitos já citados como, temperatura da água e a confiança no terapeuta, a piscina terapêutica adequada para a terapia de crianças com síndrome de Down deve dispor de adaptações necessárias que facilite desde a entrada na piscina até a saída, significando que nesta piscina deve conter um espaço adequado onde a criança consiga ficar em pé (realizar a bipedestação) de forma independente, para que realize treino de equilíbrio estático, dinâmico e de marcha; também é importante que tenha barras em que a criança possa segurar-se para iniciar o exercício de agachamento, não esquecendo dos degraus.

A turbulência é mais um dos artifícios que a água proporciona para complementar a hidroterapia, podendo ser utilizada para vários fins como o proprioceptivo, para aumentar o nível de dificuldade no trabalho de bipedestação e marcha, levando assim a um aumento de tônus, equilíbrio, reflexos de endireitamento, proteção, atenção e concentração.

Uma dúvida que sempre vem à tona quando se fala em hidroterapia em criança é a idade adequada para a iniciação deste trabalho. É importante frisar que o trabalho de hidroterapia na criança com síndrome de Down poderá ser iniciado a partir do terceiro mês de idade mediante liberação médica (onde será avaliada a integridade cutânea, da orelha interna e a situação imunológica da criança, além dos demais parâmetros técnicos), pois a partir de então a estimulação precoce poderá ser introduzida com a finalidade de adequação neuropsicomotora. Durante esta primeira fase na piscina a mãe pode entrar na água durante a terapia, na iniciação do processo a presença de alguém a quem a criança confie é de suma importância, principalmente quando se trata da estimulação precoce. Este é um trabalho importante com relação ao tônus afetivo da criança, que lhe proporcionará uma sensação de proteção e segurança, facilitando o vínculo e a confiança da criança com o terapeuta. Assim, mais tarde o terapeuta poderá assumir a terapia sem a companhia dos responsáveis e a partir desta experiência, o responsável poderá ser orientado para trabalhar em casa durante o banho e/ou em momentos de lazer.

Quanto à alta terapêutica, poderá ser utilizada a da fisioterapia em solo, que é quando a criança adquire a capacidade de como correr, pular e saltar num pé só, com dinâmica e equilíbrio adequado. A hidroterapia pode ser mantida com a finalidade de manutenção tônica da musculatura, já que a hipotonicidade mantém-se presente durante toda a vida a pessoa com síndrome de Down.